Em relação a guarda do Sábado, podemos dividi-la em três tipos principais de crenças (por favor, entenda que esta é uma simplificação). Basicamente todas as igrejas ensinam uma das 3 posições sobre o dia em que os cristãos adoram:
1° Posição: Domingo-Sabatistas (Incoerentes) - Ensinam que o Domingo (1° Dia) é o Sábado cristão.
2° Posição: Sábado-Sabatistas (Equivocados) - Ensinam que o Sábado (7° Dia) é o dia da adoração dos cristãos. Conforme requerido pela antiga Aliança Mosaica, o Decálogo. "Ele lhes anunciou a sua aliança, os Dez Mandamentos." Deut 4:13
3° Posição: Não-Sabatistas (A VERDADE) - O Sábado era uma sombra, abolida na cruz, cuja realidade se encontra em Cristo Jesus. O primeiro dia (Domingo) NÃO é o Sábado. O Decálogo, a Antiga Aliança foi substituída pela Lei de Cristo / Nova Aliança. 2 Coríntio 3
Nota: Sabatistas - Igrejas/Denominações que observam o Sábado (Sabbath).
Que o leitor possa ter certeza de que a nossa motivação é glorificar a Deus e edificar os santos. Nós não escrevemos com raiva ou rancor. Procuramos andar diante de Deus nos caminhos da santidade. Esperamos que o leitor aborde o estudo das Escrituras com as mesmas motivações. Que possamos ser sempre reformados pela Palavra de Deus.
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O que a História nos diz sobre o assunto:
É interessante descobrir como foi o processo da igreja primitiva com relação ao assunto. Em um estudo exaustivo sobre o assunto do Sábado para o domingo, D.A. Carson lançou um livro chamado "Do Sábado para o Dia do Senhor".[1] onde ele examina os pais da igreja primitiva e suas visões sobre o Sábado e o Domingo.
Desde o ano 100 DC, os primeiros cristãos unanimemente se encontravam no Domingo. Esta era uma prática universal entre os cristãos. Ninguém considerava isso um Sábado. Mas todos encontravam-se nesse dia. Isto foi estabelecido muito antes do que os adventistas têm ensinado. E mais, isso era unânime entre os discípulos dos apóstolos. É impensável que isso poderia ter acontecido sem ter sido a prática geral durante a era apostólica.
Os primeiros cristãos pensavam que era um dia bom a se encontrar por causa da ressurreição, mas não o associavam com uma mudança do Sábado. Alguns destes cristãos, a maioria judeus, continuavam se encontrando no Sábado. Outros, na maior parte gentios, não. Eles tinham as razões que nós já discutimos no "Estudo Pessoal sobre o Sábado" de Greg Taylor. Claramente, eles compreenderam os ensinos de Paulo e do resto da Bíblia, como já estudamos anteriormente. O Sábado era uma opção OK, mas não obrigatória aos cristãos.
Entretanto, havia uma necessidade de se reunir para a adoração. Porque muitos dos cristãos judeus ainda assitiam na sinagoga no Sábado, havia uma necessidade de ter uma outra hora em que os cristãos poderiam se reunir para suas próprias reuniões privadas. Isso ocorria no Domingo, que eles começaram a chamar Dia do Senhor.
Nosso primeiro registro desta referência foi no ano 107 DC. Isso é apenas 11 anos depois da época da referência de João ao dia do Senhor em Apocalipse 1:10. É muito provável que João estava se referindo ao Domingo quando mencionou esse dia. Não por causa de qualquer santidade agregada, mas porque era o dia comum de encontro para os cristãos.
Os primeiros cristãos tinham uma ligação sentimental ao primeiro dia da semana também. Não somente o Senhor ressuscitou nesse dia (conforme previsto em figura na Lei), mas das sete aparições de Jesus a seus discípulos, cinco delas foram no primeiro dia e nas outras, não há menção específica sobre qual foi o dia.
Também nesse ano, a festa de Pentecostes ocorreu no primeiro dia da semana. A igreja cristã nasceu num Domingo (conforme previsto em figura na Lei). Mas isto NÃO significa que eles agregaram santidade ou qualidades do sábado a esse dia. Não havia nenhum apelo aos Dez Mandamentos anexados ao Domingo.
Mesmo muito depois, quando Constantino fez a primeira lei de Domingo, ela foi apenas uma lei que proibia o trabalho nesse dia. Ela foi bem recebida por cristãos e pagãos, pois eles não precisavam trabalhar nesse dia. Ela tornou a adoração mais conveniente, mas não foi uma lei baseada na lei do Sábado. De fato, os fazendeiros eram isentos dessa lei. Eles poderiam continuar seu trabalho. Isto naturalmente não era permitido na lei do Sábado do Velho Testamento.
Havia algum sentimento anti-judeu nesse tempo. Alguns têm sugerido que já que os judeus tinham problemas com o governo, os cristãos tentaram se distanciar dos judeus, começando a se afastar do Sábado para evitar a perseguição. Mas os registros dessa época não indicam um povo que fazia alguma coisa porque estava tentando evitar a perseguição por causa de Cristo. Os exemplos são miríades de cristãos permanecendo firmes corajosamente em sua fé, apesar da ameaça da morte. Se isso fosse uma convicção para eles, eles manteriam a posição por ela. Mas eles NÃO tinham essa convicção sobre o Sábado, como é visto claramente em sua literatura.
E foi assim até a época de Augustino no quinto século, onde alguma conexão entre os Dez Mandamentos e o Domingo começou a ser feita. Mesmo assim, a conexão foi fraca. A santidade do Sábado foi considerada cerimonial. Esta visão foi tornada mais proeminente por Tomás Aquino séculos mais tarde. Os reformadores, Calvino e Lutero, foram cuidadosos ao declarar que o Sábado não era mais obrigatório aos cristãos, mas eles viam mérito em ter esse dia para descanso e adoração.
Isso foi assim até a reforma inglesa em que o Decálogo sabático começou a ser forçado verdadeiramente. Os proponentes principais eram os puritanos. Eles começaram a ensinar que o Sabbath (embora chamavam o Domingo de Sabbath) não foi abolido e fizeram regras detalhadas para seguir, de acordo com os regulamentos do Velho Testamento.
Isto naturalmente afetou outros grupos ingleses como os Metodistas e os Batistas. Muitos destes grupos que vieram a América e Nova Inglaterra tornaram-se notados pela estrita observância do Sabbath (Domingo). Foi lá que um grupo, os Batistas do Sétimo Dia deram um passo a mais e começaram a guardar o Sabbath no Sábado.
Se o Sabbath do Velho Testamento é obrigatório aos cristãos, raciocinaram, nós temos que o guardar no dia certo também. Foram os batistas do sétimo dia que influenciaram Joseph Bates, que por sua vez influenciou E.G. White e o Adventismo do Sétimo Dia nasceu. Os adventistas inicialmente estavam discutindo com os "puritanos" sobre qual dia é o Sabbath real, ao invés se isso era ou não era uma doutrina do Novo Testamento para os cristãos. Ao discutir sobre qual dia é o Sabbath, a mensagem da Bíblia e a mensagem que a igreja primitiva tinha claramente na mente, foi perdida completamente.
Conclusão
Muitos evangélicos ainda hoje afirmam a continuidade dos Dez Mandamentos, apesar de negar a continuidade do quarto, coloque-se em uma posição difícil se não impossível de se sustentar. Os adventistas têm todo o direito de perguntar como a Lei de Deus pode ser ao mesmo tempo imutável e mutável, ao mesmo tempo. Eles têm o direito de perguntar com que autoridade houve esta mudança, e por que só o quarto mandamento foi modificado ou abolido. A tese da continuidade do Decálogo não fornece um quadro para resolver estas objeções.
Por outro lado, a descontinuidade dentro do contexto da história da salvação desmonta totalmente essas objeções virando o jogo. Sua força está em desafiar a premissa maior do argumento adventista para guarda do sábado, invertendo assim o ónus da prova.
Em vez de cobrar os evangélicos com inconsistência e, em seguida, declarar vitória, os adventistas devem agora explicar, em primeiro lugar, por que a lei mosaica ainda se aplica aos cristãos e por que as passagens que apontam a descontinuidade do Decálogo devem ser interpretado de outra maneira. Por razões discutidas acima, isso não será fácil.
Ficam as perguntas: É certo a adoração no domingo? E no Sábado? É errado, ou não é importante? A partir desse estudo vimos que isso não é importante. Nem é certo, nem errado. Vimos que é sempre certo adorar a Deus tão freqüentemente e com associação com outros crentes quanto possível. Em Atos 2:42-47, a igreja primitiva fazia adoração diária.
Contudo, precisamos ter tempo para a adoração corporativa para suplementar nossa experiência diária. Nós não devemos negligenciar a adoração corporativa (Heb. 10:25). VIimos que não é errado adorar no Sábado e nem é errado adorar no domingo, ou quarta-feira ou qualquer outro dia! Guardar o Sábado para reflexão e crescimento espiritual é saudável e pode ser incentivado. Mas a mensagem do Novo Testamento, e do resto da Bíblia, deixa claro que para os cristãos o dia da semana em que isto ocorre não deve ser obrigatória nem exigida.
Analise das posições básicas sobre a Guarda do Sábado
1° Posição: Domingo-Sabatistas (Incoerentes)
2° Posição: Sábado-Sabatistas (Equivocados)
3° Posição: Não-Sabatistas (A VERDADE)
Em Cristo, nosso Verdadeiro Descanso.
Hélio S. Júnior
Notas: "O que a história nos diz sobre o assunto" foi baseado em um estudo pessoal de Greg Taylor sobre o Sábado.
[1] D.A. Carson, From Sabbath to the Lord’s day: A Biblical, Historical, and Theological investigation (Eugene OR, 1999)
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"Nenhuma palavra torpe saia da boca de vocês, mas apenas a que for útil para edificar os outros, conforme a necessidade, para que conceda graça aos que a ouvem. Não entristeçam o Espírito Santo de Deus, com o qual vocês foram selados para o dia da redenção. Livrem-se de toda amargura, indignação e ira, gritaria e calúnia, bem como de toda maldade. Sejam bondosos e compassivos uns para com os outros, perdoando-se mutuamente, assim como Deus perdoou vocês em Cristo." (Efésios 4:29-32)
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